Marcela Amorim venceu a categoria feminina no concurso de berrante Créditos: Aquino José
Uma das principais tradições da 63ª Festa do Peão de Boiadeiro de Barretos, o Concurso do Berrante aconteceu neste domingo, dia 19. O instrumento faz parte da memória sertaneja e hoje foi disputado por berranteiros de várias regiões do país em busca do reconhecimento na cultura sertaneja.
O pequeno Guilherme Rocha de sete anos veio de mula com a comitiva Água do Peão de São José do Rio Preto a Barretos para fazer a abertura do concurso. “A viagem foi legal e levamos cinco dias para chegar”, comenta o berranteiro mirim que ganhou quatro anos seguidos concursos no Brasil.
A competição que começou na primeira edição da Festa do Peão, só tinha homens e há quinze anos cedeu o espaço para as mulheres. Esse ano, 25 berranteiros divididos em 15 homens e 10 mulheres que vieram em comitivas ou até mesmo sozinho, se apresentaram para os visitantes. Segundo Armando Garcia, organizador do concurso, as mulheres reivindicaram o espaço e agora dão ainda mais qualidade ao trabalho. “Elas são médicas, veterinárias, universitárias, entre tantas outras mulheres que cresceram e aprenderam a tradição do peão boiadeiro, do condutor da boiada. Os toques são os mesmos usados no estradão e os berranteiros são obrigados a utilizar chapéu”, explica Garcia.
Os cinco tipos de toque que fazem parte do percurso do sertanejo na estrada são tocados pelo ponteiro, que vai à frente da boiada. O primeiro é o toque de “Saída ou Solta”, com o som lento usado para despertar a boiada de manhã; o “Estradão”, toque que reanima a boiada na estrada; “Rebatedouro”, toque de aviso de perigo; “Queima do Alho”, aviso aos peões da hora do almoço; e o “Floreio”, um toque livre que pode ser uma música para divertimento.
O fabricante de berrante Natal Mateus Fernandez, de Araçatuba, foi um dos responsáveis para avaliar os competidores e explicou a importância de avaliar as falhas durante o toque sertanejo. “A cada ano aumenta a qualidade dos berranteiros e precisa de atenção para avaliar se tocam errado cada som”, comenta o jurado. Luis Berranteiro de São Paulo e Luiz Maica de Belo Horizonte, também foram jurados.
O campeão do concurso foi Pedro Henrique Biondo Matias, de Orindiúva, São Paulo, que aos 24 anos levou para casa o prêmio de R$ 1.000. O segundo lugar ficou com Roberto Henrique Goiano de Britânia, Goiás que ganhou R$ 500. O experiente Leandro Berranteiro, de 37 anos, de Cajamar/SP que já ganhou também em 2016, ficou com o terceiro lugar e o prêmio de R$ 300.
Na categoria feminina, Marcela Amorim de Palmeira D’Oeste/SP, aos 19 anos foi a grande campeã mantendo o título pelo terceiro ano seguido. Em segundo lugar ficou a jovem Rarissa de Itapagipe, Minas Gerais. O estado também teve representante no terceiro lugar que ficou com Karina Berranteira, de Limeira D’Oeste. “Aprendi com meu pai a tocar berrante aos 8 anos e agora me apresento em todo país. Já fui chamada para tocar em aniversário e até mesmo em um velório”, comenta a campeã, estudante de veterinária.
O concurso antecedeu o festival gastronômico da Queima do Alho no Ponto de Pouso e foi apreciado por todos que participaram do evento.
Em sua rede social Karina Barleta de Lima escreveu:
“Obrigado Senhor Deus como vc é maravilhoso em minha vida. Mas um ano conquistando outro título de Campeã em 3°Lugar no Concurso de Berrante em Barretos-SP no ano de 2018. E Graças a esse bom Deus agradeço por todas as pessoas maravilhosas que torceram por mim e sempre torce, neste ano de 2018 completei 10 anos que estou participando desse concurso, ganhando 9 vezes finalista entre 3 Lugar, 2 Lugar e 1 Lugar. Hoje posso sim dizer sou uma pessoa muito agradecida por cada benção em minha vida, todas essas lutas e vitórias posso dizer que foi tudo na RAÇA. Obrigado Deus por tudo que tem feito em minha vida”. #DEUSNAFRENTESEMPRE