Os bombeiros controlaram por volta das 2h da madrugada desta segunda-feira (3) o incêndio de grande proporção que atingiu o Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista, zona norte do Rio. Equipes permanecem no local para fazer o trabalho de rescaldo.
O fogo começou por volta das 19h30 deste domingo (2) depois que o local já havia encerrado a visitação. Não há informação sobre vítimas.
O combate ao fogo foi prejudicado por falta de água nos hidrantes próximos ao edifício. Os bomeiros precisaram apelar para caminhões-pipa e água de um lago dentro da Quinta da Boa Vista.
O palacete imperial não tinha sistema de prevenção de incêndio. O Museu Nacional, mais antigo do país, comemorou 200 anos em junho. Ele é subordinado à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e vem passando por dificuldades geradas pelo corte no orçamento para a sua manutenção.
Desde 2014, a instituição não vinha recebendo a verba de R$ 520 mil anuais que bancam manutenção. O museu tinha em seu acervo mais de 20 milhões de itens.
Entre os destaques do acervo estão a coleção egípcia, que começou a ser adquirida pelo imperador Dom Pedro I, a coleção de arte e artefatos greco-romanos da Imperatriz Teresa Cristina, coleções de Paleontologia que incluem o Maxakalisaurus topai, dinossauro proveniente de Minas Gerais, e o mais antigo fóssil humano já encontrado no país, batizado de “Luzia”.
Também conta com outros tesouros, como o maior meteorito encontrado no Brasil, batizado como ‘Bendegó’ e que pesa 5,3 toneladas.
O vice-diretor do museu, Luiz Fernando Dias Duarte, afirmou sentir um “desânimo profundo” e uma “raiva imensa”.
“Todo o arquivo histórico, que estava armazenado em um ponto intermediário do edifício, foi totalmente destruído. São 200 anos de história que se foram”.
“Incalculável para o Brasil a perda do acervo do Museu Nacional. Hoje é um dia trágico para a museologia de nosso país. Foram perdidos duzentos anos de trabalho, pesquisa e conhecimento. O valor para nossa história não se pode mensurar, pelos danos ao prédio que abrigou a família real durante o Império. É um dia triste para todos brasileiros”, afirmou o presidente Michel Temer em um comunicado.
O ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão, admitiu no Twitter que “a tragédia poderia ter sido evitada”.
“Os problemas do Museu Nacional foram se acumulando ao longo do tempo. Não começaram este ano. Em 2015, por exemplo, foi fechado por falta de recursos para sua manutenção”, recordou o ministro, no cargo desde 2017.
“A revitalização iria começar agora, com o patrocínio do BNDES. O projeto previa a proteção contra incêndio”.