Semana Mundial de enfrentamento à Hanseníase reforça importância do diagnóstico precoce

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Atualmente, o Brasil é o país em segundo lugar com mais casos da doença, atrás somente da Índia. Por ano, são registrados perto de 30 mil casos nos vários estados brasileiros. Cerca de 6% deles acometem crianças e adolescentes, somando aproximadamente 2 mil pacientes. Destes, 7% (140, em média) são diagnosticados com alguma sequela relacionada à doença. segundo (site da secretaria de saúde de SP).

A semana mundial de enfrentamento à Hanseníase é celebrada entre os dias 27 e 31 de janeiro. O objetivo é alertar a população sobre os sinais e sintomas da doença, além de incentivar a procura precoce pelos serviços de saúde, mobilizar os profissionais da área quanto à busca ativa de casos novos e realização de exames dos contatos entre os casos registrados e cura da doença.

Segundo a Diretora de Vigilância de Doenças Crônicas Transmissíveis, Não Transmissíveis e Causas Externas, da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), Janaína Passos de Paula, a data é importante para a conscientização sobre a doença. “É um período importante porque busca chamar a atenção da população e dos órgãos públicos para a relevância de se discutir estratégias para o diagnóstico precoce da hanseníase, não só em janeiro, mas durante os outros meses do ano e contribuir, assim, para a melhoria dos aspectos de detecção de casos, tratamento, cuidado e reabilitação e para evitar o estigma e discriminação de pacientes com hanseníase e suas famílias”, disse.

Ainda de acordo com a diretora, “o estigma é o maior desafio que a doença provoca, o que pode dificultar a procura pelo diagnóstico e adesão ao tratamento, bem como o afastamento social. Por isso, é importante afirmar que o diagnóstico de hanseníase deve ser recebido de modo semelhante ao de outras doenças curáveis e precisa ser feito o quanto antes, para evitar sequelas físicas para o paciente. Os profissionais de saúde devem estar atentos para identificar os casos na população da sua área de abrangência”, complementou.

Janeiro Roxo

Em 2016, o Ministério da Saúde oficializou o mês de janeiro e consolidou a cor roxa para campanhas educativas sobre a Hanseníase. A Campanha propõe a intensificação das ações de divulgação e das atividades que buscam à eliminação da doença como problema de saúde pública no país, tendo como foco a prevenção de incapacidades.

As ações propostas vão desde a iluminação de monumentos públicos em todas as capitais brasileiras na cor “Roxo – Medium Purple”, divulgação da campanha utilizando as redes sociais (Facebook, Instagram, site da saúde) e parceria com os meios de comunicação.

Janaína Passos reforça que a doença tem cura e tratamento pelo Sistema Único de Saúde (SUS). “O tratamento da hanseníase é gratuito e está disponível para toda a população em todos os postos de saúde. Após iniciar o tratamento, que pode durar de 6 a 12 meses, o paciente não transmite mais a doença para as pessoas com quem convive. Se os contatos mais próximos do paciente e a população em geral conhecerem melhor o que é a hanseníase, o diagnóstico será feito precocemente, sem deformidades, e o tratamento será realizado adequadamente”, esclareceu.

Dados

Em 2017, foram detectados 1.095 novos casos da doença em todo o Estado, o que representa uma taxa de 5,18 casos a cada 100 mil habitantes. De 2011 a 2017, houve uma média de evolução de 88,2% dos casos para a cura.

Em relação aos dados de 2018, eles são fechados somente no final do mês de março, quando é finalizado o banco de dados do Ministério da Saúde. Entretanto, conforme dados preliminares, em 2018, foram registrados 978 novos casos da doença no estado.

Para Janaína Passos, embora o número de casos de hanseníase apresente uma queda nos últimos anos, ainda são expressivos os casos diagnosticados com algum grau de incapacidade física. “O Estado de Minas Gerais vem notificando uma média de 1400 casos novos a cada ano, nos últimos oito anos. O preconceito em relação à doença, a desinformação dos profissionais e da população e a concentração do atendimento ao usuário com hanseníase e seus contatos em poucas unidades básicas de saúde ainda são barreiras que impedem a detecção oportuna dos casos existentes”, disse.

Plano de Enfretamento

A Secretaria de Estado de Saúde elaborou, em 2017, o Plano de Enfretamento da Hanseníase em Minas Gerais (2018-2021), em parceria com vários setores, especialmente junto à Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) com o objetivo de propor a criação de políticas públicas para o enfrentamento da Hanseníase no nosso Estado.

O plano é composto por 5 eixos de intervenção a saber: Ações de Vigilância Epidemiológica; Rede de Atenção à Saúde (RAS), tendo a Atenção Primária à Saúde (APS) como coordenadora do cuidado; Educação Permanente e Integração do Ensino-Serviço; Fortalecimento da Educação em Saúde e Mobilização Social; Gestão e realização de atividades de monitoramento além da avaliação contínua da execução deste plano de enfrentamento.

Em novembro de 2018, também foi instituído o Comitê Estadual de Enfrentamento da Hanseníase no âmbito da SES-MG com o objetivo de implementar e monitorar o Plano de Enfrentamento à Hanseníase no Estado de Minas Gerais que, posteriormente, será encaminhado para a Comissão Intergestora Bipartite (CIB) para ser aprovado.

“O foco do programa de controle de hanseníase é baseado no diagnóstico precoce, tratamento adequado, vigilância de contatos. Atenção especial aos casos que ocorrem em menores de 15 anos, onde as ações de vigilância epidemiológica são intensificadas. A melhoria do acesso ao diagnóstico, tratamento, prevenção de incapacidades e reabilitação, nos vários níveis de atenção à saúde é compromisso de todos para uma atenção integral adequada ao portador de hanseníase”, afirmou a coordenadora de Dermatologia Sanitária da SES-MG, Maria do Carmo Rodrigues Miranda.

A doença

A hanseníase é uma doença infecciosa, transmissível e curável que atinge principalmente a pele e os nervos, mas também pode afetar outros órgãos como o fígado, os testículos e os olhos.

A doença é causada pelo bacilo chamado Mycobacterium leprae que ataca a pele e a mucosa nasal e sua transmissão acontece através das vias respiratórias. Os pacientes sem tratamento eliminam os bacilos através do aparelho respiratório superior (secreções nasais, gotículas da fala, tosse, espirro). Mas, após o tratamento regular o paciente para de transmitir a doença.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a maior parte da população é resistente bacilo e não desenvolve a hanseníase, ou seja, somente 5% de pessoas, em contato com Mycobacterium leprae, adoecem e desenvolvem os sintomas.

Diagnóstico e prevenção

O diagnóstico da hanseníase é realizado por meio de exame dermatológico e neurológico, com testes de sensibilidade. A doença inicia-se, em geral, com manchas brancas, vermelhas ou marrons em qualquer parte do corpo, com alteração de sensibilidade à dor, ao tato e ao quente e ao frio. Podem aparecer também áreas dormentes, especialmente nas extremidades, como mãos, pernas, córneas, além de caroços, nódulos e entupimento nasal. Nesses casos, o paciente deve procurar uma unidade de saúde para confirmar o diagnóstico e iniciar o tratamento.

De acordo com Maria do Carmo Rodrigues Miranda, a prevenção da hanseníase se faz por meio do tratamento de todos os pacientes e da descoberta de todos os casos novos esperados.

“Todas as pessoas que convivem no domicílio devem ser examinadas e encaminhadas para aplicação da vacina BCG. A vacina BCG aumenta a resistência do organismo, principalmente contra as formas multibacilares da doença. O diagnóstico e tratamento podem ser realizados nas unidades de saúde de todo o estado e, também, nos serviços de referências distribuídos em Belo Horizonte e no Centro Nacional em Hanseníase, Dermatologia Sanitária, em Uberlândia”, disse.

Não se pega hanseníase por meio de:

– Compartilhamento de copos, pratos, talheres, não havendo necessidade de separar utensílios domésticos da pessoa com hanseníase;

– Utilização de assentos, como cadeiras, bancos;

– Apertos de mão, abraço, beijo e contatos rápidos em transporte coletivos ou serviços de saúde;

– Picada de inseto;

– Relação sexual;

– Aleitamento materno;

– Doação de sangue;

Para mais informações, acesse ao site www.saude.mg.gov.br/hanseniase.

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