Situação é agravada pela alta circulação da variante P.1, desaceleração da vacinação e desrespeito às medidas sanitárias, afirma Vitor Engrácia Valenti.
Uma pesquisa realizada pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) junto ao Instituto Adolfo Lutz mostra uma tendência de piora da Covid-19 em Ribeirão Preto (SP) e Franca (SP) nas próximas duas semanas. Segundo o estudo, é possível que a região se torne um novo epicentro da doença no estado de São Paulo com o agravamento da pandemia. As duas cidades têm cerca de 1 milhão de habitantes e decretaram medidas mais rígidas para reduzir a circulação de pessoas nos próximos dias.
De acordo com o pesquisador Vitor Engrácia Valenti, os números atuais mostram um aumento rápido de novos casos e de internações na região. A partir disso, o estudo pôde projetar matematicamente a tendência de piora na disseminação do vírus na região Nordeste do estado.
“Em Ribeirão e Franca, a tendência é que os casos podem piorar ou, na melhor das hipóteses, podem dar uma estabilizada. Essa subida bem alavancada na cidade de Franca nos casos diários, associada com uma variante P.1 que vem subindo também, e um clima de outono invero, indica que a situação é até mais preocupante do que em Ribeirão Preto”, pontua Valenti.
Agravamento
O pesquisador destaca que, apenas em Ribeirão Preto, há um predomínio de 88% da variante P.1, descoberta primeiro em Manaus, entre os casos confirmados. A alta transmissibilidade da variante pode, portanto, ser uma das responsáveis pelos altos índices de infecção, internação e mortes.
Para evitar um colapso na saúde, Valenti reforça a necessidade de medidas mais restritivas, além da aceleração da vacinação. “As vacinas passaram por uma aceleração entre janeiro e abril, mas que parou no mês de maio e isso deve ter piorado a situação”, diz.
“O que nós imaginamos que seja o que afeta mais, de acordo com o que a literatura tem mostrado, é uma dificuldade das pessoas em se organizar com medidas preventivas, quando as pessoas se aglomeram em eventos e participam de festas sem máscaras”, finaliza o pesquisador.
Casos e mortes
Desde o início da pandemia, Ribeirão Preto totaliza 77.755 casos de covid e 2.086 mortes. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, são 1.043 óbitos de janeiro a dezembro do ano passado e 1.043 vidas perdidas de janeiro a maio, o que mostra uma aceleração da doença.