Vítima é um indígena de 12 anos de Bertópolis, na Região do Vale do Mucuri; é o primeiro caso depois de 10 anos; um outro está em investigação
O exame laboratorial do caso do menino de 12 anos, da reserva indígena maxacali, no município de Bertópolis, no Vale do Mucuri, que morreu em 4 de abril, depois de ser mordido por um morcego hematófago, deu resultado positivo para a raiva humana. A informação foi confirmada pela Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG).
O menino maxacali deu entrada na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri no dia 3 de abril, apresentando febre, confusão mental, agitação, vômito, sialorreia, edema e ferida no lábio superior. O quadro se agravou e evoluiu para óbito no dia seguinte.
De acordo com o prefeito de Teófilo Otoni, Daniel Sucupira (PT), a familia do adolescente revelou que ele havia sido mordido pelo morcego na área maxacali, na aldeia Pradinho, 10 dias antes, mas continuou recebendo “tratamento” apenas com os rituais indígenas, até que o caso se agravou e foi encaminhado para o atendimento médico hospitalar.
A SES-MG ressalta a importância de se procurar a Unidade de Saúde mais próxima para avaliação da necessidade de adoção de medidas profiláticas (administração de vacina e/ou soro) em caso de qualquer incidente com mamíferos silvestres ou domésticos, sobretudo morcegos, cães e gatos.
Outras medidas
- Notificação e investigação dos dois casos suspeitos, além da comunicação imediata ao Ministério da Saúde;
- Investigação na localidade dos dois, com busca ativa de pessoas que possam ter tido a mesma situação de risco, além do encaminhado para atendimento médico profilático;
- Organização de reuniões periódicas para alinhamento e planejamento das ações de investigação dos casos e medidas de prevenção e controle da raiva, juntamente com a Secretaria Municipal de Saúde de Bertópolis, já ocorridas nos dias 06, 07 e 08 de abril;
- Disponibilização de vacina antirrábica e soro antirrábico;
- Organização e monitoramento de vacinação dos contactantes do primeiro caso para início imediato no dia 09 de abril;
- Monitoramento das ações de campo desenvolvidas pelo Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) para ações de prevenção e controle da raiva na localidade. Este está na região, e realiza investigação epidemiológica, para verificar espoliações de morcegos em animais de produção, presença ou relato de mortes de animais com sinais clínicos neurológicos, bem como informações sobre a realização de vacinação antirrábica nesses. Foram realizados ainda contatos com produtores rurais, informando sobre as formas de prevenção da raiva dos herbívoros.
- Realização de ações de educação em saúde na região com objetivo de alertar as pessoas sobre a doença, e suas formas de transmissão, bem como as medidas de prevenção e controle da raiva.
- Organização e realização de Webinar para profissionais de saúde do estado de Minas Gerais sobre atualização do atendimento antirrábico humano agendado para dia 19 de abril de 2022.
Como a raiva é transmitida?
Não se sabe ao certo qual o período de transmissibilidade do vírus em animais silvestres. Entretanto, sabe-se que os morcegos podem abrigar o vírus por longo período, sem sinais aparentes.