Milton Gonçalves morre aos 88 anos no Rio

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Ator e diretor foi um dos maiores nomes da história da TV brasileira. Ele teve problemas de saúde decorrentes de um AVC sofrido em 2020.

Morreu nesta segunda-feira (30), aos 88 anos, o ator e diretor Milton Gonçalves. Ícone da dramaturgia brasileira, ele teve problemas de saúde decorrentes de um AVC sofrido em 2020.

Um sorriso marcante, um olhar destemido na estrada da vida e memórias de um homem que precisou lutar. Mas Milton Gonçalves entrou e ficou na nossa vida. Nesse caminho que parecia tão árido, tão difícil, ele enxergou esperança e poesia.

Foi em Monte Santo, Minas Gerais, que Milton Gonçalves nasceu em dezembro de 1933. A família pobre de catadores de café decidiu se mudar para São Paulo. O pai se tornou pedreiro, a mãe, empregada doméstica. Milton, que tinha outros dois irmãos, ajudava como podia no sustento da casa.

Foi trabalhando em uma gráfica que teve o primeiro contato com o teatro: ele imprimia programas de uma peça e ganhou duas entradas. Foi assistir e se encantou. Milton contou que já tinha ido ao cinema, mas no teatro, quando viu gente de carne e osso, pensou: “Eu posso, eu também quero fazer isso”. Foi o começo de uma relação de muito amor.

Nascia um ator como poucos. Foram mais de 30 peças. “Eles não usam black-tie”, de Gianfrancesco Guarnieri, ficou mais de um ano em cartaz no Teatro de Arena, em São Paulo. Milton considerava o Arena sua grande escola.

A viagem com o cinema também foi de muito prazer. São mais de 70 filmes na carreira. Foi três vezes vencedor do Festival de Gramado.

Nos estúdios de gravação, Milton Gonçalves se descobriu cada vez mais apaixonado pelo ofício de atuar e virou um dos rostos mais marcantes da TV Globo. A história dele se confunde com a da emissora. Foi contratado antes mesmo da inauguração, em 1965. Milton era um dos funcionários mais antigos e queridos da casa. Sua voz e seu nome se tornaram referência de televisão.

Foram mais de 40 novelas. Na última minissérie em que atuou, em 2019, fez uma participação em “Se eu fechar os olhos agora”. No mesmo ano, Milton emocionou o Brasil no especial de Natal “Juntos a magia acontece”. O especial levou o Leão de Ouro do Festival de Cannes.

Militante obstinado do movimento dos negros, nem as conquistas nem o tempo fizeram com que o ator se esquecesse das muitas vezes em que a cor da pele foi um obstáculo. Foi uma vida de luta como uma das vozes mais ativas contra o racismo.

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