Mapeamento parcial de 2018 indica que foram mais de 50 mil acidentes com esses animais notificados no estado. Números subiram em relação ao ano anterior
Acidentes com animais como escorpião, cobra, formiga, abelha, vespa, marimbondo, lagartas, lacraia e aranhas costumam aumentar tanto em áreas urbanas, quanto rurais durante o período chuvoso e quente. Por isso, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) orienta a população em relação aos riscos.
Entre as estratégias de comunicação da SES-MG estão: o hotsite #AlertaChuva, Blog da Saúde MG e as redes sociais da SES-MG (Facebook, Twitter e Instagram) que divulgam informações sobre o assunto.
“Nos meses do verão, dezembro a março, há um aumento no número de acidentes por animais peçonhentos em relação aos demais meses do ano. Mais de 40% dos acidentes são registrados nessa época. Isto porque há um aumento no crescimento da população destes animais no período”, explica a coordenadora de Zoonoses e Vigilância de Fatores de Risco Biológicos da SES-MG, Mariana Gontijo.
Em 2018, conforme mapeamento ainda parcial, foram mais de 50 mil acidentes com animais peçonhentos notificados em Minas Gerais, sendo que 77 pessoas morreram. Esses números aumentaram em relação ao ano de 2017, quando ocorreram cerca de 41 mil casos e 58 óbitos. A maioria dos acidentes é causada por escorpião.
Acidentes com lagartas
As lagartas popularmente conhecidas como taturanas e mandorová são uma das fases do ciclo biológico de mariposas e borboletas. E também podem provocar acidentes (as chamadas “queimaduras”) que, embora sejam na maioria dos casos de evolução benigna, merecem atenção em alguns casos.
Com ampla distribuição em todo o país, as lagartas do gênero Lonomia pertencem à Família Saturniidae (lagartas “espinhudas”) e podem causar acidentes graves. Vivendo em grupos, estas lagartas possuem cerdas urticantes em forma de espinhos, semelhantes a pequenos pinheiros verdes distribuídos no dorso da lagarta, presença de mancha branca em formato de ‘U’ próxima à cabeça e corpo com estrias horizontais predominantemente marrons. Caso a lagarta não apresente estas três características, não pode ser considerada Lonomia mesmo que se pareça com uma. A inoculação do veneno no corpo do paciente ocorre por meio do contato destas cerdas urticantes com a pele, causando dermatite pápulo-pruriginosa.
Este ano, ainda não foram notificados acidentes com lonômias, mas, em 2017, foram 136 notificações e, no ano passado, 263.
De acordo com a referência técnica estadual do Programa de Vigilância e Controle dos Acidentes por Animais Peçonhentos da SES-MG, Andréia Santos, nos acidentes com lonômias podem aparecem complicações como sangramento na gengiva e aparecimento de sangue na urina.
“Em caso de acidente, o ideal é lavar o local da picada com água fria ou gelada e sabão. Em seguida, deve-se encaminhar a pessoa imediatamente ao serviço de saúde mais próximo para que possa ser avaliado e receber o tratamento adequado, se necessário. Se for possível, é recomendado capturar a lagarta e levá-la até o atendimento, porque assim fica mais fácil definir a conduta clínica, principalmente sobre a necessidade ou não de solicitação de exames periódicos ou observação prolongada”, explica.
Normalmente, os acidentes com lagartas ocorrem quando o indivíduo toca o animal, geralmente em tronco de árvores ou ao manusear vegetação. A dor, na maioria dos casos, é violenta, irradiando-se do local da “queimadura” para outras regiões do corpo.
Evitando acidentes
A melhor forma de evitar os acidentes é adotar medidas de prevenção. Como o contato com os animais peçonhento ocorre, geralmente, durante a realização de atividades que envolvem a manipulação de galhos, troncos, folhas e coleta de frutos, recomenda-se atenção especial nessas ocasiões, principalmente com as crianças.
Mariana Gontijo recomenda manter limpos quintais e jardins das residências, não acumular folhas secas e lixo domiciliar. Também evitar a formação de ambientes favoráveis ao abrigo de escorpiões, como obras de construção civil e terraplenagens que possam deixar entulho, superfícies sem revestimento e umidade. Além disso, colocar telas nas aberturas de ventilação de porões e manter assoalhos fechados. Conheça os principais cuidados a serem tomados para evitar acidentes com animais peçonhentos:
■ Em locais ou situações de risco para acidentes por animais peçonhentos (ex.: florestas, matas, trilhas, áreas com acúmulo de lixos, atividades de lazer, de limpeza, serviços de jardinagem, entre outros), utilize sempre equipamentos de proteção individual (EPI), como luvas de couro, botas de cano alto e perneira;
■ Olhe sempre com atenção o local de trabalho e os caminhos a percorrer;
■ Não coloque as mãos em tocas ou buracos na terra, ocos de árvores, cupinzeiros, entre espaços situados em montes de lenha ou entre pedras. Caso seja necessário mexer nestes locais, use um pedaço de madeira, enxada ou foice;
■ Durante o amanhecer e anoitecer evite a aproximação da vegetação muito próxima ao chão, gramados ou jardins, pois nestes momentos as serpentes estão em maior atividade;
■ Não mexa em colmeias e vespeiros. Caso estes estejam em áreas de risco de acidente, contate a autoridade local competente para a remoção;
■ Inspecione roupas, calçados, toalhas de banho e de rosto, roupas de cama, panos de chão e tapetes, antes de usá-los;
■ Afaste camas e berços das paredes e evite pendurar roupas fora dos armários;
■ Caso encontre um animal peçonhento, afaste-se com cuidado e evite assustá-lo ou tocá-lo, mesmo que pareça morto, e procure a autoridade de saúde local para orientações;
■ Em locais rochosos ou com pedras soltas, caminhe sempre com os pés protegido por um calçado firme, de solado antiderrapante (tênis ou sapatilha);
■ Evite colocar as mãos desprotegidas em tocas ou sob rochas;
■ Ao coletar frutas no pomar, realizar atividades de jardinagem ou em qualquer outra em ambientes silvestres, observar bem o local, troncos, folhas, gravetos antes de manuseá-los, fazendo sempre o uso de luvas para evitar o acidente.