Filho de testemunha-chave no caso Odebrecht na Colômbia morreu envenenado

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Bogotá, 13 nov (EFE).- O arquiteto Alejandro Pizano Ponce de León, filho de Jorge Enrique Pizano, testemunha-chave no escândalo de pagamento de propinas feitos pela construtora Odebrecht, morreu por envenenamento três dias depois do falecimento do pai.

“Segundo o resultado da autópsia do Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciência Forense, a causa da morte foi envenenamento com cianureto”, informou em entrevista coletiva a vice-promotora-geral da Colômbia, María Paulina Riveros.

Riveros informou que uma investigação foi aberta para esclarecer a morte do arquiteto, que ocorreu três dias depois do falecimento do paí, que sofria com um câncer e foi vítima de um infarto.

Segundo a promotora, o cianureto estava dentro de uma garrafa de água com gás que estava em uma escrivaninha do quarto do pai da vítima. Ponce de León, que estava acompanhado de uma irmã, bebeu o líquido, começou a se sentir mal, desmaiou e não acordou mais.

Os investigadores coletaram a bebida para realizar as análises correspondentes e detectaram a presença da substância.

“Por causa dos fatos anteriores, a Procuradoria-Geral também abriu uma investigação penal para determinar porque essa substância estava na casa do pai da vítima”, explicou Riveros.

O diretor do Instituto de Medicina Legal e Ciência Forense, Carlos Valdés, afirmou que a morte de Jorge Enrique Pizano, aparentemente por infarto, ainda será analisada pelas autoridades.

Ponce de León morreu pouco depois de voltar à Colômbia vindo da Espanha, onde participou do funeral de seu pai, responsável por fazer importantes revelações sobre o caso Odebrecht no país.

Pizano deixou uma entrevista gravada, exibida ontem pela emissora “Notícias Um”, na qual revelava que o procurador-geral da Colômbia, Néstor Humberto Martínez, sabia do esquema de corrupção pela Odebrecht no país desde 2013, três anos antes de assumir o cargo.

“Eu informei a ele que havia contratos irregulares”, afirmou.

Em 2015, Pizano era responsável pelo controle financeiro da Rota do Sol II, que liga o centro ao norte do país, por parte da Corporação Financeira Colombiana (Corficolombiana).

Na época, o hoje procurador era advogado do Grupo Aval, um grande conglomerado bancário que é sócio majoritário da Corficolombiana.

Tanto o Grupo Aval como a Corficolombiana fazem parte de um grupo maior de empresas controlado por Luis Carlos Sarmiento Angulo, que ocupa o 123º lugar no ranking de pessoas mais ricas do mundo da revista americana “Forbes”.

Segundo a Promotoria da Colômbia, a Odebrecht pagou mais de US$ 28 milhões em propinas para garantir o contrato da Rota do Sol II.

Martínez disse hoje que Pizano levou a ele no segundo semestre de 2015 os resultados de investigações sobre contratos do consórcio Rota do Sol. No entanto, ao questioná-lo sobre a existência de corrupção, a testemunha-chave hesitou em fazer uma denúncia.

“Perguntei a Pizano se podia assumir que havia propinas, e ele me respondeu que não tinha certeza. Uma das hipóteses que ele contemplava era que se travada de propinas pagas a paramilitares. A dúvida explica a razão pela qual ele não apresentou denúncia alguma às autoridades”, afirmou o procurador-geral da Colômbia.

Martínez, que é procurador-geral desde agosto de 2016, ainda afirmou que só soube que as descobertas de Pizano tinham ligação com as propinas pagas pela Odebrecht em 2017. Por estar impedido no caso, ele não atuou como promotor na investigação. EFE

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